quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Capturar-te, Capturar-me



        Hoje com certa relutância e ignorância me repreendo daquele pensamento que antes me fornecia sensatez ao dirigir-me a você. Com toda aquela pomba, ar, mãos, caras e bocas- falsamente vislumbradas por mim- vejo que deve me desligar da idéia do 'ter', eu não tenho absolutamente nada, nada me pertence, sequer eu mesma.
Tentar capturar-te significaria procurar maneiras de aprisionar um gorila de meia tonelada com uma rede de caçar borboletas.
Você, ao ouvir - seja em pensamentos ou visual - salva-me a cada segundo do desespero. O desespero que é caminhar sem a percepção do pensamento, sem a razão de saber o que sentir. Desespero esse que ao menos eu teria percebido em mim se não fosse os inúmeros acertos em pensamentos.
O envelhecimento, a morte, a liberdade, o suicídio, a busca de um propósito: você conhece tanto quanto qualquer outra pessoa viva! Com isso eu pude perceber que o desespero é o preço pago pela autoconsciência. E em meus pensamentos sobre, me vêm novamente aquela voz sutilmente sedutora - Olhe profundamente para dentro da vida e encontrará sempre o desespero. - Quero que me mostre como tolerar uma vida de desespero...
Não me ajuda em nada horas lendo, decadas escrevendo. Você me vê de verdade quando eu estou desprevenida, crua, quase nua na sua frente. É quando você me olha com o olhar mais doce e me explica. E eu? Rodeada pela ignorância logo procuro me armar, ao invés de ouvir e aprender o que você tem a me ensinar eu passo mais tempo procurando formas de debater.
Talvez, só talvez você não esteja sempre errada quando me chama de 'burra'.

                                                         [...]
Parece mais o principio de uma carta estranha do que um desabafo ou um post qualquer.

                                                                                       Tua. KM

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