segunda-feira, 7 de março de 2011

O deserto.




Tinha o coração vazio e seco como um deserto. Na realidade, tinha no lugar do coração um imenso deserto. Era sempre quente, sempre com tanto calor, mas sempre solitário. O que impulsionava a vida eram as chuvas breves e espaçadas que vinham na forma de momentos, de pequenos sentimentos. Quando a chuva passava, era tudo seco novamente e mais uma vez vazio.

O que ainda dava forças pra continuar era a esperança de algum dia encontrar um oásis no meio de toda essa areia seca e poder desfrutar de suas maravilhas que há muito tempo ouvira falar. Sabia o significado desse oásis, sabia que se o encontrasse não mais estaria sozinha, não mais sentiria-se vazia e... procurava, bem no fundo, paciência para esperar o dia em que isso aconteceria.

Passam dias, semanas, meses, anos, e o deserto continua seco e vazio. Solidão é a palavra para descrevê-lo. É certo que o oásis ainda não foi encontrado, mas possa ser que antes de chegar, caia uma grande tempestade que o inunde, e o transforme em uma floresta verde e cheia de vida.

A tempestade não chega, o oásis não aparece, e o deserto escaldante procura na leve garoa que cai, a esperança perdida... não encontra.

O coração chora e as lágrimas começam a inundar, a transformar em flores o que um dia foi só areia. As lágrimas caem no chão e como mágica fazem surgir novas formas. É tudo novo, tudo muito bonito, tudo muito vivo! Impossível imaginar que da falta de esperança surgiria o que procurava tão esperançosamente.

E a partir desse dia, tinha o coração cheio de vida e beleza como uma floresta. Na realidade, tinha uma imensa floresta no lugar do coração. 

"Ainda que haja noite no coração, vale a pena sorrir para que haja estrelas na escuridão." Arnaldo Alvaro Padovani


Kamilla Mengali - Assim se faz... 

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